Caso de gripe aviária no Brasil abala exportações e pode inflacionar carnes e ovos

A confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul levou à suspensão das exportações de carne de frango por países como China, União Europeia, Canadá, Coreia do Sul, Chile, Argentina, Uruguai, México e África do Sul. A decisão impacta diretamente o Brasil, maior exportador mundial do produto, que destina 40% de sua produção ao mercado externo.

Segundo a economista Daniela Cardoso Pinto, a interrupção das exportações exige o abate sanitário das aves, o que deve reduzir a oferta local de frango e ovos, pressionando os preços. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) estima um impacto imediato de cerca de 60 mil toneladas, ou 15% das exportações mensais.

Ainda que parte dessa produção seja redirecionada ao mercado interno, o efeito dominó pode atingir outras proteínas, como carne bovina, suína e peixe, que devem ter aumento de demanda e preço.

Dados do IBGE já indicam alta acumulada de mais de 30% no preço dos ovos em 2024. Economistas apontam que o cenário de curto prazo pode até trazer um aumento temporário na oferta interna, mas a incerteza sobre novos focos da doença em outros estados preocupa e pode prolongar ou ampliar o embargo.

Como medidas emergenciais, especialistas sugerem reforço da vigilância sanitária, modernização das granjas e diversificação de mercados para reduzir a dependência externa. O governo também pode adotar linhas de crédito emergenciais e ampliar a comunicação sobre o controle sanitário adotado.